uma pequena parte (III)
– Por que você tava abraçada com ele?
– Eu tava com frio.
– Mas eu não gosto que você abrace ele.
– Agora você tem ciúmes de mim?
– Eu sempre tive ciúmes. Eu só não falo, porque acho idiota…
– Hum… É, você é um tanto idiota mesmo.
Era quase julho. Frio, como só quase-julho sabe ser. Era outra noite qualquer. Bagunçada. Suja. Cheia de lembranças que pulavam de um lado pro outro como se dançassem ballet na frente dos nossos olhos e toda vez que a gente tentasse enxergar pra valer, elas corriam para outro lado. Então a solução era ver com o cantinho dos olhos pra descobrir se assim fazia durar pra sempre.
– Eu sei… Eu me atrapalho com um monte de coisa.
– Sim. E você também estava abraçado com ela. E você sabe que eu odeio ela!
– É. Eu sei…
Eles param, no meio de uma rua qualquer. Ela olha a blusa dele e começa a arrumar a gola que está de qualquer jeito.
– Gosto dessa sua blusa. Ela é bonita.
– Você é bonita. Gosto de você.
– Mas mesmo assim você tava abraçada com a outra…
– Eu não gostei mesmo de te ver abraçada com ele…
– Então sabe o que fazer, não é?
– O que?
– Me abraça primeiro da próxima vez.
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