A Terra inteira
ficava em silêncio depois de cada despedida,
por vergonha ou descuido, deixava que o ‘eu te amo’ morresse na garganta.
não que não amasse, por favor não entenda assim,
perdoa o desmazelo e a falta de jeito,
o problema com datas, a fome na madrugada.
tem tropeçado por aí assim,
entre poemas, sessões de filme francês e a vontade de te ver.
como se colocasse tudo dentro de uma garrafa
todos os dias, todos os livros, todos os sorrisos e olhares do outro lado da sala
e tomasse de uma vez só, tudo comprimido assim
pra ter você em toda parte, na terra inteira, em toda bagunça
em todo canto – por menor que fosse – da casa.
fosse mar entre cada passo, fosse vento pra aproximar
pé ante pé decora o corredor até o seu quarto,
reconhecendo o açúcar entre os vãos do piso
e raspando o chocolate do fundo da panela,
e acordando mais cedo pra te ver chegar.
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