cheiro de quente
disse que o tempo estava bom
que por intermédio de providência divina
(ou destino, costuma ter o mesmo nome)
a gente se encontraria porque sim. porque é assim que as coisas são.
e fim.
acho que eu só pensava em formas de a encaixar em todos os meus poemas,
como se tudo que estivesse pra ser escrito,
fosse, a partir de agora, sobre seus olhos grandes
– que enxergam através de mim e me encaram por dentro –
e sobre a cor que seu cabelo fica pela manhã.
é como se acostumar com a chuva,
com o cheiro de quente das luzes do estúdio
aonde percebo que ela existe em cada frase que eu escrevi
e tento evitar pensar sobre isso,
mas eu a reconheci,
mesmo antes de saber quem ela era,
parece que eu sempre soube do esmalte descascado e do tique com os pés.
parece que a gente tá sempre num filme francês
e enquanto eu admiro o quanto ela é bonita,
fico torcendo, dentro de mim mesmo,
pra que ela me tire um pouco de dentro da caminha cabeça.
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Tags:cheiro de quente, luz fria
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